Depois de uma competição que durou nove meses, LAN Architecture foi escolhido para reestruturar e estender o histórico Grand Palais em Paris. Com o objetivo de "restaurar a coerência e transparência originais do edifício", LAN planeja recompor o edifício da Feira Mundial de 1900 recorrendo à sua unidade e circulação, bem como ao volume de suas galerias ao redor da Grand Nave e a adição de uma nova entrada.
Veja o plano mais detalhadamente a seguir.
Por LAN: O Novo Grand Palais: um exemplo de Modernidade
Aos nossos olhos contemporâneos, o Grand Palais é uma ideia e um símbolo de modernidade. É um edifício híbrido em termos de arquitetura, uso e história. Não é um museu ou um simples monumento, sua arquitetura tem uma identidade própria, centrada em torno da ideia de uma "máquina cultural", um recurso espacial para abrigar uma vasta diversidade de eventos e públicos que exponencialmente exalta a qualidade "universal" e "republicana" do lugar. A restauração e reestruturação de todo o monumento nos dá a chance de reforçar esta aspiração.
A reestruturação prevê a implementação de um novo mecanismo de circulação centrado em torno do meio edifício, a restauração das galerias ao redor da Grand Nave, a instalação de um sistema de controle climático, a criação de um centro de logística, deixando todo o edifício de acordo com o código, e abrindo as grandes janelas e passagens para restaurar a coerência e transparência originais do edifício. Estas intervenções representam uma oportunidade única de redescobrir os traços e maneiras como o Grand Palais tem resistido ao teste do tempo, sobrevivido a mudanças em sua função, afirmando a arquitetura como ponto de partida e o espaço como estímulo da vida e sociedade.
Embora a razão original para a construção do Gran Palais tenha sido fornecer um lugar para apresentar e promover a cultura artística da França durante a Feira Mundial de 1900, o plano previa durabilidade e flexibilidade desde o início. Ainda que estas muitas adaptações tenham progressivamente complicado e depreciado certas partes do Grand Palais, a inteligência de sua forma geral e sua intenção espacial original ajudaram-no a sobreviver a estes episódios e a mudar ao longo do tempo.
Nosso lema para o Novo Grand Palais é completar e fortalecer sua lógica formal através de intervenções que retomam uma ideia de modernidade em sua totalidade, respeitando sua identidade tradicional.
O Jean Perrin Square e o ‘Jardin de la Reine’
A consequência lógica de restaurar os pontos de acesso ao norte e ao sul, um dos desafios do projeto, é que o edifício do meio se situa no coração de nossa intervenção. Nosso desejo é reforçar a ideia de unidade entre o Grand Palais e o Palais d’Antin e fazer do edifício do meio o ponto de encontro entre os dois. Esta abordagem respeita o propósito original dos arquitetos, isto é, tornar os espaços e suas evoluções altamente legíveis para os usuários, de forma que indiquem implicitamente a função do edifício.
A geometria pura do círculo redescoberto cria um novo símbolo e marco urbano para a entrada do Novo Grand Palais. Será um lugar verdadeiramente autêntico que pode abrigar atividades planejadas ou espontâneas. Duas rampas, projetadas na base da matriz geométrica fornecida pelos degraus e a fonte, irá orientar visitantes do nível da praça na base do edifício até a entrada. De frente para o Sena estará a entrada para públicos específicos e o acesso independente ao restaurante. Este último aproveita um grande terraço voltado para o sul, localizado abaixo do Jardin de la Reine.
O Middle Building: ‘La Grande Rue des Palais’
Ao criar uma transição progressiva do espaço urbano até o das galerias, os dois primeiros pavimentos do edifício do meio abrigam o ambulatório. É um volume aberto majestoso com múltiplos níveis que permitirá ao público visualizar a Grand Nave e a rotunda do Palais d’Antin ao mesmo tempo. De fato, enfatiza o eixo leste-oeste original da composição. Situada ao longo do nível principal mais baixo, ‘La Grande Rue des Palais’ organiza as diferentes etapas da entrada em uma sequência clara antes de levar o público às várias atividades oferecidas. O ambulatório será a plataforma de ligação para todas as exposições no novo Gran Palais. Os materiais escolhidos para a Grande Rue des Paris irá unir o exterior ao interior, o existente ao novo. A dicotomia entre a parede de fundação do edifício e o pavimento nobre, perceptível no exterior devido à mudança na cor da pedra, continuará dentro do edifício.
Os Espaços de Exposição
A reestruturação das National Galleries procura considerar a interdependência entre a compreensão de um trabalho e sua apresentação formal e conceitual. Isto se torna uma oportunidade única para desenvolver uma série de diversas "situações" em termos de volumes, luz, materiais, e sua relação com o exterior. Não é simplesmente uma questão de tornar os volumes flexíveis, mas de dar a eles a habilidade de ser um evento próprio. Este processo não está restrito às Galleries; pode acontecer em qualquer lugar no edifício, onde quer que a estrutura permita. Ao integrar conceitos museográficos inovadores à instituição, o museu será capaz de abrigar obras que, até então, foram vistas apenas em espaços alternativos por breves períodos de tempo, e que de fato não foram comentadas ou valorizadas o suficiente.
O Grand Palais des Arts et des Sciences
O Palais de la Découverte irá apresentar o público a outras formas de cultura, como exposições, arte contemporânea ou performances ao vivo de alta qualidade. Por outro lado, o público que visitar a Grand Nave e as galerias será exposto a novas experiências ao visitar o Palais de la Découverte. A nova galeria temporária no Palais de la Découverte foi concebida com isto em mente, com sua localização central concretizando a ligação entre estas duas realidades.
A Plataforma Logística e a Adequação ao Código
Para este projeto se tornar uma maneira efetiva de abrigar eventos e públicos muito distintos, primeiramente é necessária uma estruturação clara, flexível e adaptável dos espaços disponíveis. Mais do que simplesmente gerenciar necessidades atuais, nossa proposta abre as portas para as futuras evoluções dessas necessidades. O que está em jogo é formular uma visão que pode em longo prazo aceitar novos parâmetros, avanços tecnológicos e mudanças de paradigma.
O programa nos levou a criar um nível subterrâneo, que irá abrigar os espaços logísticos e os respectivos espaços de estacionamento e carregamento. Este trabalho técnico permitirá um aumento na capacidade de visitantes do Grand Palais. A Grand Nave será portanto capaz de acomodar mais de 11.000 pessoas em comparação às atuais 5.200, e isto aumentará sua capacidade total das atuais 16.500 para mais de 21.900 pessoas.
Do Grand Palais para a Cidade - O Fluxo de Turistas e o Observatório
O movimento de visitantes dentro do Grand Palais representa uma oportunidade de "exibir" a arquitetura. Ao atrair a atenção do visitante, estas vistas irão enquadrar "detalhes" na arquitetura e na paisagem, enfatizando-os. Estas vistas se revelam progressivamente conforme se caminha pelo espaço. Eles revelam a ligação dos espaços que permitem que os visitantes se localizem dentro do edifício e em relação à cidade. O roteiro turístico interno continua no exterior, ao longo do piso superior do Grand Palais, permitindo aos visitantes descobrir o telhado, e proporcionando-lhes vistas livres e totalmente novas de Paris.
O Monumento ao Despertar do Desenvolvimento Sustentável
Nós usamos uma filosofia baseada em cinco princípios de design principais: Efetividade, Sobriedade, Fortalecimento do Patrimônio Cultural, Intervenção Mínima e Passiva, e Manutenção do Serviço aos Usuários. Ao analisar o que já estava lá, o projeto é capaz de resolver e transformar os desafios em pontos fortes enquanto ao mesmo tempo identifica e preserva a qualidade dos recursos herdados. Usuários (e futuros usuários) foram colocados no coração do processo de projeto ao tentar entender as diversas atividades exercidas e também ao considerar exigências de conforto e ambiente, sejam de clima, acústica, iluminação, e assim por diante. Esta intersecção de situações, recursos, práticas e atividades herdados, exigências de conforto e ambientais constituem a base multifacetada desta intervenção. Revelar o que já está lá significa utilizar os recursos herdados para construir respostas micro-conceituais. É preciso, afinal, ser hiper-contextual.
Competição
Grand Palais CompetitionPremio
Primeiro LugarArquitetos
Localização
21 Avenue Franklin Delano Roosevelt, 75008 Paris, FrançaDesign
Mathieu LehanneurCliente
Réunion des Monuments Nationaux – Grand-PalaisDesign sustentável
Franck Boutté ConsultantsEstrutura, Fachada, Fluidos
TerrellProteção contra incêndios e acessibilidade
CassoSCMC
CICADPaisagismo
BASEÁrea
70623.0 m2Fotografias
LAN